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segunda-feira, 15 de abril de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
Presentimento
Venho vindo. Primeiro filete , filhote ,
nem ribeira
nem riacho ,
sulcando trilhas incertas, quase secando, depois
engordando nos brejos ,
nos vales
molhados , nas chuvas
pequenas e grandes ,
no sangue da terra
que poreja sempre .
Venho vindo e vou passando. Faço curvas , rodopio , salto por cima de pedras ,
algumas contorno outras carrego, como carrego plantas
e galhos e troncos
e peixes e musgos
e seiva . Às vezes
me deito em
remanso sombroso escutando o tititi das folhas conversando com
pardais . Fico bem
quieta , finjo que
estou dormindo. De repente despenco no limo das pedras
serenas, invento bolhas
crespas multicores , esparramo
agulhas cintilantes tal
cristais em
pedaços .
Venho vindo e vou passando. Mesma
lesma pesada
e pardacenta , viscosa ,
cheia de espumas ,
umas brancas outras não . Um dia deságuo
num mar , lá ,
qualquer . Que
me importa? Já
vim e passei. Não volto.
Clair de Mattos
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