TRIBUNA LIVRE
Mulher, substantivo
feminino muito
singular
Nos primórdios
da civilização humana,
a mulher era
vista como
elemento responsável
pelos cuidados
e manutenção das crias
que proliferavam nas comunidades errantes.
Ao partir para a caça ou para a guerra, os machos delegavam às companheiras o trato com os utensílios, mantas,
alimentos e a responsabilidade
de manter as cavernas
ao abrigo de invasores.
Naquele período distante,
eram elas que
guardavam a pequena comunidade,
mesmo que
para tanto
fosse preciso usar
o tacape ou a
lança, para afastar elementos indesejáveis. Nesta época, não
bastava à mulher a criação
dos pequenos. Tornavam-se guerreiras para defender a propriedade da invasão
de estranhos.
Com
o correr dos séculos
e o aparecimento de novas
perspectivas para
o elemento feminino,começaram
a surgir as mulheres
pioneiras, aquelas que mudariam o curso da história.
Joana D’Arc heroína da guerra dos
cem anos,
em 1430, conseguiu unir
a nação em
favor da França, convencendo Carlos VII de que tinha a missão divina
da salvar seu
país, e, posta
à frente das tropas
conseguiu uma bela vitória
contra os ingleses, em
Orléans . Veio a ser
canonizada pelo Papa
BeneditoXV.
Em 1830, Armandine Aurore Lucie Dupin, Baronesa Dudevant, mais
conhecida como
George Sand, tornou-se a maior romanista
francesa do movimento romântico,
pautando seu estilo
de vida num critério
anti-convencional, deixando uma obra de peso, a saber:Indiana(1932) Valentine(1832) Um
Inverno em
Mallorca(1841) e nuitos outros romances bem conceituados pela
crítica.
Ana Nery, Matriarca
da Enfermagem no Brasil, nascida
em 1814, serviu como
voluntária na Guerra
do Paraguai, partindo da Bahia de onde nunca saíra,para auxiliar o corpo de saúde do Exército,
muito pequeno,
contando com pouco
material.Mais
tarde. Assistiu os feridos em Salto,Humaitá,
Curupaiti e Assunção. Além destas, eu poderia
citar Sarah Bernardth, que
com sua
arte eletrizou plateias
do mundo inteiro. Isadora Duncan, outra ainda, que rompendo os laços convencionais
da dança impôs seu
estilo único
de um balé livre. Anita Garibaldi, lançando-se guerreira ao lado
do marido, Chiquinha Gonzaga, que rompeu com
os laços aristocráticos que a prendiam e partiu para
sua luta
em favor da música popular brasileira.
Juntando-se a essas, eu
poderia citar
mais algumas dezenas. Mulheres que
não aceitaram as limitações
do sexo, e levantaram bandeiras em prol da liberação
feminina. Hoje
em dia,
dificilmente você encontra
uma criatura que
aceite simplesmente
o papel secundário
de mãe-esposa, sem dedicar-se às
próprias indagações pessoais,
aos próprios questionamentos internos, à própria
realização pessoal.
A mulher hodierna,
sem desvincular-se dos filhos e da casa,
luta por
uma posição de igualdade
entre o sexo
masculino, sem
despir-se de sua condição
essencialmente feminina.
Em todas as camadas
sociais encontramos mulheres
batalhadoras, ganhando o próprio sustento, muitas vezes
contribuindo para o equilíbrio
do orçamento doméstico,
sem alarde,
despretensiosamente, apenas para exercerem seu direito de justiça
e cidadania.À elas, nosso muito obrigada.
Clair de Mattos