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Carlos Nejar
Um dos
raros eruditos do pensamento brasileiro de hoje.
Matusalém de
Flores confirma a intimidade entre prosa e poesia, entre
filosofia e literatura, entre o homem e a palavra. A dicção imperiosa do autor
encontra, no imaginário do sagrado, elementos ficcionais de alto relevo,
imagética e significado, como a eternidade e a luminária do causídico da
humanidade (redenções maiores da extensa obra valorativa do bardo
gaúcho).
A obra-prima romanesca
Matusalém de Flores representa uma evolução no panorama literário de
Carlos Nejar, que antes já havia revelado, de sua pena clássica, momentos
gloriosos da escrita contemporânea, nas páginas dos livros: Riopampa (2000); A
Engenhosa Letícia do Pontal (2003); Carta aos Loucos (2008) e A Vida Secreta dos
Gabirus (2014).
O título Matusalém de
Flores é uma confluência de inventividade e absurdo. A personagem Noe
Matusalém é metáfora do desígnio de Cervantes, que Carlos Nejar inventaria do
Dom Quixote de La Mancha, recriando um livro de teor poético inimaginável, texto
proparoxítono, que amplia realidades de beleza, em passagens espantosas como
"Somos caranguejos se arrastando atrás de nossa oculta origem" ou "Os sonhos
só apanham alma quando se efetivam" ou ainda "Na grandeza humana o rato
some".
Carlos Nejar observa as
máximas populares, reedita ideias, aproxima o leitor para que esse veja a sua
visão privilegiada e profética, o seu conhecimento aprofundado sobre o ritmo
bíblico, o seu desejo de imortalidade, o seu espírito pioneiro de poeta, enfim,
a sua metafísica da alma, que é a transcendência na/em/ pela/com
palavra.
Matusalém de Flores é um lenitivo, é flor da vida que não vê a face crua e misteriosa da morte, um manejo de horizontes infinitos, sem idade.
Nos dezessete capítulos do romance de duzentos e oito páginas, em brochura artística primorosa, constatamos a biografia Matusalém/Nejar, que identificamos e logo avançamos sim, para as estrelas, ao tudo, que por si mesmo, nos define. Aliás, "O português tem toda a infância dentro".
Matusalém de Flores abraça teorias da aventura, leia-se, condição humana universal.
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